domingo, 7 de dezembro de 2008

V Curiosa Coincidência

O dia era 31 de março. O ano de 1995.
Havia chegado de Lyon, onde estive, com José Lewgoy, apresentando o filme Carnaval Atlântida, num evento comemorativo do centenário do cinema, que fora organizado por um cineclube local. Em Lyon nascera Lumière, o criador do cinematógrafo, lá, tivemos a oportunidade de conhecer sua casa, transformada num pequeno museu do cinema.
Antes de voltar ao Brasil, Lewgoy aproveitou para ir a Portugal fazer a dublagem de seu personagem no filme O Judeu. Quanto a mim, fui a Paris, passar os dias que ainda me restavam para a volta.
Visitando uma amiga, vi pela televisão uma enorme romaria que acontecia no cemitério Père Le Chaise. Ficamos sabendo que eram pessoas homenageando Alain Kardec no aniversário de sua morte. Comentei que eu estava freqüentando um Centro Espírita, e achando bem interessante. Entusiasmada com a revelação, ela ligou, na mesma hora, para um amigo que trabalhava num canal de televisão, que havia realizado, no Brasil, um programa sobre o espiritismo. De repente, o tal fulano apareceu, de moto, todo animado, queria me levar ao túmulo de Kardec. Achei que, àquela altura, estava um pouco tarde, declinei do convite.
Ele me deixou uma fita vhs, do tal programa de tv, com a idéia de eu que pudesse intermediar a sua exibição no Brasil.
Voltei com a tarefa e a fita debaixo braço.
O que eu ainda não sabia, e só fui descobrir ao voltar para o Brasil, era o fato de Alan Kardec também ter nascido em Lyon.
Essa coincidência ainda iria dar panos para manga.



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Na volta ao Brasil, comecei a estudar o Livro dos Espíritos, no Grupo do Centro Espírita que eu freqüentava.
Andava por toda a parte com a tal fita que eu trouxe Paris, tentava, sem sucesso, que alguém se interessasse pelo programa. O pessoal do Centro não dava a menor bola, até que um dia, lanchando na Padaria Rio Lisboa, encontrei com João Carlos Cunha, um dos melhores palestrantes do Centro. Fui logo contando a história, e ele, com o seu jeito cativante, disse que gostaria muito de ver a fita, mas que eu não deixasse de procurar o Gerson, na USEERJ¹.
Passado uma semana tivemos a triste notícia que João Carlos havia desencarnado.

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Estava eu novamente sozinha, com fita debaixo do braço. E assim fiquei, por mais de um ano.

Durante aquele ano de 1995, tivemos a visita assídua de um pesquisador de cinema, ao escritório onde trabalhávamos – meu marido e eu. Máximo Barro procurava material para o seu livro sobre um dos fundadores da Atlântida, Moacir Fenelon. Nas horas vagas, conversávamos amenidades, numa dessas ocasiões, falamos da tal fita, recebida em Paris, no dia do aniversário de morte do codificador do espiritismo. Eu confessei a ele que buscava entender o porquê de toda aquela história ter me acontecido. Afinal a instituição que nos levou a Lyon era um simples cineclube local, lá, nada de importante aconteceu na seara do cinema.
Ficamos sabendo, pelo Maximo, da existência de um renomado espírita que tinha sido um dos pioneiros do cinema. Àquela altura, já sabia da tal coincidência, do nascimento de Kardec e Lumière na mesma cidade, comecei a achar que tudo aquilo tinha uma forte ligação, que eu deveria descobrir o que fazer com Cinema e Espiritismo.
Máximo Barro me presenteou com uma biografia de Frederico Figner.

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